Águia-Pesqueira
Postado por Pedro Mota.

NOME COMUM DA ESPÉCIE:
Águia-pesqueira (ou também designada por Águia-pescadora, Caripira, Babuzar, Gavião Caripira, Gavião-do-Mar, Gavião-papa-peixe, Gavião-pescador, Guincho ou simplesmente Pescador

DESIGNAÇÃO CIENTÍFICA:
Pandion haliaetus

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:
► A Águia-pesqueira é uma ave de rapina de grande porte (tem cerca de 57cm de comprimento), com asas compridas e também elas estreitas. Possui uma plumagem castanha nas regiões superiores do seu corpo, havendo um contraste com as zonas inferiores que são esbranquiçadas.
► A superfície ventral das suas asas apresenta um padrão acastanhado, sendo que as suas “axilas” são sempre brancas.
► A cabeça é, maioritariamente, branca e os seus olhos são amarelos, tendo uma lista ocular de tons castanho-escuro.
► O seu pescoço possui uma espécie de “colar” que é formado por riscas finas de cor escura.
► A cauda é barrada e de cor castanha.
► As mais jovens possuem as penas da parte superior do corpo de cor entre o branco e o amarelo, e os seus olhos são vermelhos.
► Apresenta umas patas grandes e fortes, garras longas e curvadas, superfície inferior dos dedos coberta por pequenos espinhos e o dedo exterior é reversível.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA – EM PORTUGAL E NO MUNDO:

EM PORTUGAL:
No nosso país, a fêmea de um último casal faleceu no ano de 1997, há mais de dez anos. Desde então, o macho tem tentado acasalar com uma outra fêmea, nomeadamente em 2000, mas sem sucesso. Um ano mais tarde, essa mesma fêmea foi avistada mas o macho nem tentou acasalar.
Em Portugal, as águias-pesqueiras são visitantes não nidificantes e podem ser mais facilmente avistadas no Estuário do Sado, no Inverno e Primavera. No entanto, estes indivíduos, em pequeno número, apenas encontram-se em passagem migratória e não se chegam a fixar.

NO MUNDO:
A Águia-Pesqueira é uma espécie que nidifica, na maioria das vezes, perto de água e que se encontra em todos os continentes da Terra. Frequenta barragens, estuários, cursos de água de caudal lento e, por vezes, zonas costeiras.
As populações encontram-se distribuídas um pouco por todo o Mundo, em especial no continente americano, além da Europa, Austrália, Cabo-Verde e Japão.
Ainda que em finais do século XIX, e início do século XX, a população de Àguias-pesqueiras tenha diminuindo de forma acentuada, estima-se que existam no Mundo cerca de vinte a trinta mil casais.

HABITAT E COMPORTAMENTO:

HABITAT:
A espécie da Águia-Pesqueira encontra-se associada a zonas de alguma humidade (sejam de média ou grande extensão), águas doces, salobras ou salgadas. No litoral é frequente a sua passagem por estuários e lagoas, sendo que no interior frequentam açudes, barragens e cursos de água.
Por sua vez, a população mediterrânea é apenas costeira, ainda que noutras zonas do continente europeu, nidifica no interior, perto de lagos, lagoas ou rios.

ALIMENTO:
A Águia-Pesqueira alimenta-se quase exclusivamente de peixe de tamanho médio que são apanhados com o auxílio das suas garras. O consumo diário de peixe ronda as 400g, e entre as espécies das quais se alimenta, destacam-se os robalos e os sargos (em Portugal), tainhas e carpas. Não é habitual, mas as Águias-Pesqueiras podem se alimentar de pequenos mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e crustáceos.

CAPTURA:
As presas desta espécie são apanhadas ainda debaixo de água, através de um mergulho rápido. Antes do mergulho, as Águias-Pesqueiras sobrevoam as águas, peneirando ou planando, lançando-se de seguida com uma inclinação de cerca de 45º, capturando as respectivas presas com as patas esticadas para a frente.

REPRODUÇÃO:
Esta espécie escolhe locais de pouca perturbação e com reservas consideráveis de peixe para nidificar. No entanto, algumas aves são mais tolerantes à presença humana e, por sua vez, escolhem, para fazer o ninho, construções diversas.
A sua época de reprodução estende-se de meados de Março a princípios de Junho, fazendo apenas uma postura composta por 2 ou 3 ovos. O período de incubação prolonga-se por 34 a 40 dias e a emancipação das crias acontece ao fim de 49 a 57 dias.

MOVIMENTOS:
No final do verão, as Águias-Pesqueiras deixam a região onde reproduziram e partem para o sul. No entanto, na Primavera seguinte, cada casal torna a procriar exactamente no mesmo local.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO:

No “Livro Vermelho dos Vertebrados” aparece com estatuto de “Em Perigo”. No entanto, no nosso país existe apenas um macho que desde 1997 não tem parceira nem consegue reproduzir, tendo, em 2000, a espécie sido declarada extinta em Portugal (independente da existência de apenas um).
A dizima pelos caçadores, o envenenamento pelos insecticidas absorvidos pelos peixes e o roubo de ovos estão na base do desaparecimento progressivo desta espécie na Europa e na América do Norte, sendo que algumas zonas europeias viram esta espécie extinguir-se.

MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO (EM PORTUGAL):
De modo a tentar preservar a Águia-Pesqueira em território português, foi sugerido que se fizesse um diálogo com os pescadores que habitam na região da costa alentejana, de modo a os tornar parceiros na protecção da espécie. A proibição de circulação em algumas zonas consideradas cruciais para a nidificação das águias seria também ela uma forma de tentar preservar esta espécie. No entanto nenhuma destas hipóteses foram aplicadas.
Poder-se-ia também inserir outros indivíduos de uma outra população de forma a aumentar o número de aves nidificantes desta espécie, em Portugal.
Nunca houve um grande interesse em tomar algumas medidas de protecção em consideração, pelo que hoje em dia é tarde de mais para tentar preservar a espécie da Águia-Pesqueira.